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Entre 1979 e 1980, vários baixistas tocaram na banda, a maioria deles ficando muito pouco tempo. Depois de muitos candidatos, finalmente o posto de baixista foi ocupado por Tony Boulton, que anteriormente vinha tocando com o Vardis. Com essa formação, o grupo entrou no Woodlands Studio em janeiro de 1981 para registrar sua primeira demo. Foram gravadas as músicas "Lone Survivor", "Take Me 'Cross the Water", "Drifting", "Losin' Man" e "Don't Shine". O material logo conseguiu repercussão bastante positiva, ao ponto dos Bayley Bros. (conhecidos DJs de Rock da época) colocarem "Drifting" no primeiro lugar da parada que selecionaram para a edição de junho da revista "Sounds" - "Take Me 'Cross the Water" chegou ao número 9 na mesma seleção. Durante algum tempo, foi fortemente cogitada a possibilidade de lançar esse material em um EP independente, mas o grupo acabou optando por aguardar um pouco mais antes de expor seu trabalho para as grandes massas.
Nesse período, Phil Lawn optou por retirar-se do Mendes Prey e da carreira musical, sendo temporariamente substituído por Richard Emsley. Essa formação foi entrevistada na edição de novembro da revista Kerrang, mas acabou não durando muito, com Emsley saindo para a chegada de Mark Sutcliffe. Com vários shows acontecendo (incluindo bem-sucedidas apresentações abrindo para o Diamond Head), sessões de gravação foram feitas no primeiro semestre de 1982, e delas foi selecionado o material que entraria no primeiro e clássico lançamento em vinil da banda.
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Ainda nesse ano, outra ótima composição do quinteto ("What the Hell Is Going On") foi incluída pela Heavy Metal Records na segunda edição de sua compilação Heavy Metal Heroes, conseguindo destacar-se positivamente mesmo com a concorrência de nomes fortes como Persian Risk, Witchfinder General, Jess Cox (ex-vocalista do Tygers of Pan Tang) e Shiva. No início de 1983, o quinteto (Seymour, Holt, Boulton, Brough e Sutcliffe) fez sua estréia no Marquee em Londres, abrindo shows para Saracen e Chinatown. Gravações de um desses shows ainda resistem e, apesar da qualidade sofrível de gravação, é fácil perceber que o grupo detonava em cima de um palco, mandando versões extremamente fortes e coesas de suas mais significativas composições, para delírio do público. Quem está mais familiarizado com a situação meio bairrista do cenário da época (no qual bandas de uma cidade eram geralmente bem recebidas, enquanto grupos vindos de outra costumavam ter recepções bem menos calorosas) fica ainda mais admirado com o sucesso do Mendes Prey como banda de abertura, e parecia óbvio àquela altura que alguma grande gravadora acabaria assinando com o promissor conjunto.
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Nesse período, o grupo foi tentado pela idéia de utilizar teclados, e Steve Allen assumiu esse papel por um breve período, participando de alguns shows e colaborando em algumas composições. No entanto, a experiência não fluiu tão bem como esperado, e Allen acabou saindo do grupo em seguida. Um golpe mais duro viria no segundo semestre de 1983, quando Steve Holt resolveu também deixar a banda, alegando estar interessado em outros projetos. Ao invés de substituí-lo, o Mendes Prey preferiu se manter como um quarteto, e Seymour, Boulton, Brough e Sutcliffe resolveram diminuir a rotina de shows, concentrando-se na composição e gravação de material para o tão desejado LP de estréia.
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Em 1985, a NWOBHM já começava a perder força, e o futuro parecia pouco animador para o Mendes Prey. Com as coisas um tanto quietas dentro da banda, Jih Seymour arrisca-se nos lados da produção, e atua como co-produtor de uma demo do conjunto Sherwood, que mais tarde acabaria sendo lançada também como um EP independente. Depois de meses de pouca atividade, surge um convite vindo de uma gravadora sintomaticamente batizada LiL Records, e o Mendes Prey acaba participando da coletânea "Parkside Steelworks", ao lado de um número considerável de bandas da região - a maioria delas de baixa qualidade, para sermos honestos. O Mendes Prey optou por utilizar duas gravações feitas ainda em 1983, e "Red Alert" e "Cry For the World" tornaram-se facilmente os grandes destaques de um álbum não mais do que mediano. Apesar da pequena tiragem do LP, o ressurgimento em vinil de Seymour e cia. chamou alguma atenção, e um grupo de empresários musicais resolveu investir pesado no conjunto, com o objetivo de gravar o single que finalmente faria do Mendes Prey o grande grupo que sempre teve potencial para ser. Infelizmente, ao invés de ser o passo decisivo rumo ao sucesso, essa parceria acabou sendo o começo do fim para a banda.
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Diante desse fracasso, não havia mesmo muita alternativa para a banda. Jih Seymour, depois de mais de dez anos de rock e tendo lutado por cerca de sete anos para fazer do Mendes Prey um grupo bem sucedido, optou por abandonar a vida de músico e se mudou para a Austrália ao lado da futura esposa, nascida no país em questão. Sem a presença do talentoso e dedicado vocalista, os membros restantes não se sentiram propensos a continuar a luta, e antes do final de 1986 o Mendes Prey não existia mais. Os músicos abandonaram a carreira musical, e durante muito tempo o antigo conjunto foi deixado em quase completo esquecimento. No final dos anos 90, porém, uma onda de renovado interesse pela NWOBHM surgiu com a proximidade dos 20 anos do movimento, e logo exemplares do outrora esquecido material do Mendes Prey passaram a ser vendidos por altos valores no mercado de colecionadores de vinil. Nessa época, falou-se bastante na confecção de um website oficial da banda, e boatos davam como certo o lançamento de um CD com material nunca lançado oficialmente. No entanto, a situação esfriou sem que nem uma coisa nem outra virasse realidade. Recentemente, no entanto, Jih Seymour (atualmente atuando como coordenador de programação de uma emissora australiana de rádio) adquiriu os direitos do domínio www.mendesprey.com , e uma versão inicial do site já está no ar, prometendo para breve uma quantidade considerável de material sobre a história do velho grupo britânico. Contatos já foram feitos no sentido de viabilizar um CD com material da banda, e se houver justiça no mundo em breve teremos a chance de adquirir material oficial dessa grande banda da NWOBHM, que merecia ter ido muito mais longe do que de fato conseguiu. Aguardaremos desdobramentos com enorme expectativa e muita esperança.
Agradecimentos a Malc McMillan e sua "The NWOBHM Encyclopedia", ao extinto site Dunsy's Cupboard of Metal e ao próprio Jih Seymour, que gentilmente forneceu boa parte das informações contidas nessa biografia. Muito obrigado, de verdade.
MÚSICOS
Jih Seymour (V)
Steve Holt (G) - até 1983
Phil Lawn (G) ---> Richard Emsley ---> Mark Sutcliffe
Tony Boulton (B)
Martin Brough (D)
Steve Allen (K) - 1983
DISCOGRAFIA
On To the Borderline (7'' single, 1982), Heavy Metal Heroes Volume 2 (part. em coletânea, 1982), Parkside Steelworks (part. em coletânea, 1985), Wonderland (7'' e 12'' single, 1986).
SITE OFICIAL: http://www.mendesprey.com