Sunday, January 14, 2007, posted by MetalRorschach at 10:12 AM
Das muitas bandas da NWOBHM que tiveram suas carreiras limitadas a um ou dois escassos itens em vinil, algumas acabam despertando especial interesse entre os colecionadores. Uma delas, certamente, é o Gogmagog. E é fácil entender os motivos – afinal, esse grupo lançou apenas um EP em 1985, e tinha em suas fileiras um time absolutamente estelar, composto de alguns dos grandes nomes da cena britânica. Vejam só: Paul Di’Anno (ex-vocalista do Iron Maiden), Clive Burr (outro ex-Maiden, que também havia passado pelo Samson), Janick Gers (na época ex-White Spirit), Neil Murray (baixista de muitos nomes respeitáveis como Gary Moore e Whitesnake) e Pete Willis (ex-guitarrista do Def Leppard). Promissor, não? No entanto, as coisas não são tão bonitas quanto parecem à primeira vista, e o que poderia ter sido um dos super-grupos da NWOBHM acabou sendo uma experiência constrangedora para os envolvidos e para a cena de modo geral.

Na verdade, o Gogmagog é uma idéia surgida da mente de Jonathan King (foto), DJ e produtor musical que chegou a ser o presidente da Decca Records entre as décadas de 60 e 70 e foi responsável por descobrir artistas de muito sucesso comercial como Bay City Rollers e 10cc. Disposto a lucrar em cima da fatia mais acessível do Heavy Metal (que, graças a bandas como o Def Leppard, estava entrando em considerável evidência), King resolveu montar uma espécie de super-grupo, juntando nomes poderosos do Metal britânico e colocando-os na estrada com uma grande produção de palco e o máximo possível de cobertura de mídia. Ou seja, a junção dos músicos não foi nada natural, e sim o resultado de uma série de telefonemas e propostas de contrato.

Consta que alguns músicos foram contatados e recusaram a oferta, entre eles John Entwistle (baixista do The Who, na época às voltas com projetos solo) e Cozy Powell (baterista mundialmente famoso por suas participações no Rainbow e no Whitesnake). De qualquer modo, King conseguiu formar a banda, e vale lembrar que a maioria dos músicos que toparam a parada estavam em situação complicada na época. Paul Di’Anno (foto) havia saído do Iron Maiden e lançado um álbum solo que tinha sido um completo fracasso de vendas; Pete Willis havia acabado de se desligar do Def Leppard; e Clive Burr não tivera sucesso com seu projeto pós-Maiden, chamado Stratus e formado também por ex-músicos do Praying Mantis. Portanto, não é absurdo supormos que, muito mais do que a possibilidade de formar uma grande banda, foi a promessa de bons aportes financeiros que incentivou esses músicos a assinarem os contratos e colaborarem com o Gogmagog.

Há várias controvérsias sobre fatos referentes ao conjunto, e uma delas refere-se à gravação das três faixas que fizeram o EP do conjunto. Segundo algumas fontes, trata-se de material gravado para um LP que nunca saiu, e poderiam inclusive existir mais músicas inéditas do Gogmagog criando mofo em alguma gaveta por aí. No entanto, outros dizem que essas faixas são de uma demo gravada para convencer promotores de shows a investir no grupo, e pessoalmente me sinto mais inclinado a crer na segunda hipótese. De qualquer modo, as três músicas não foram compostas pelos músicos da banda, e sim por uma parceria de Jonathan King e Russ Ballard - compositor bastante requisitado na primeira metade dos anos 80, que compôs maravilhas como “Tonight” (Tokyo Blade) e “Riding With the Angels” (Samson). As músicas foram de fato apresentadas para várias figuras importantes do show business na tentativa de agendar uma turnê, mas aparentemente a resposta ao material foi ruim e, mesmo com todo o cartaz de King e dos músicos envolvidos, nenhuma apresentação de fato ocorreu. A demora em acertar esses detalhes acabou sendo decisiva para a vida curta do projeto, e logo todos os envolvidos saltaram fora do barco, não raro com um mal-disfarçado constrangimento.

O EP acabou sendo lançado postumamente em 1985, através da Food For Thought (uma subsidiária da Music For Nations). As três músicas chamam-se “I Will Be There” (o nome do EP), “Living in a Fucking Time Warp” e “It’s Illegal, It’s Immoral, It’s Unhealthy, But It’s Fun”, e dividem seriamente a opinião dos que ouvem o EP: há quem goste bastante do material, do mesmo modo que muitos o consideram uma tragédia musical. O encarte apresenta uma versão um tanto fantasiosa sobre a história do grupo, dizendo que a banda foi um projeto espontâneo, destinado a salvar o Metal e que acabou prejudicado pelo azar e pela falta de visão de algumas pessoas ligadas ao mundo da música. De qualquer modo, as vendas foram baixíssimas (o fato de não existir mais a banda para promover o vinil deve ter contribuído para o fracasso) e logo o EP do Gogmagog viraria não mais do que um item para colecionadores da NWOBHM e de material relacionado ao Iron Maiden.

Como dito acima, os músicos envolvidos não ficaram exatamente orgulhosos do resultado do EP, e mais de uma vez deixaram bem claro o caráter meio caça-níquel de todo o projeto. Pete Willis e Janick Gers já se referiram ao mesmo em entrevistas de modo pouco animador, e Paul Di’Anno por muitos anos simplesmente se recusou a comentar o assunto. De qualquer modo, todos os músicos envolvidos seguiram em frente com suas carreiras. Paul Di’Anno formou projetos como o Battlezone e o Killers, e ainda atua incansavelmente em shows ao redor do mundo. Neil Murray gravaria mais tarde com o Black Sabbath, enquanto Janick Gers participaria da banda solo de Bruce Dickinson e, como sabemos, hoje é um dos três guitarristas do Iron Maiden – num desenlace curioso, posto que tocou com dois ex-Maiden no Gogmagog muitos anos antes de entrar ele mesmo na banda de Steve Harris. Pete Willis (foto) formou os não muito bem sucedidos Nightrun e Roadhouse, e Clive Burr emprestou seu talento a bandas como Desperado e Elixir. Já Jonathan King, embora tendo demonstrado nesse mal sucedido projeto seu desconhecimento de Heavy Metal, tentaria uma vez mais sua sorte no estilo, empresariando o jovem conjunto Briar. O conjunto havia lançado em 1985 o elogiado LP “Too Young”, e orientado por King optou por mudar radicalmente seu estilo – o que resultou em 1987 no disco “Crown Of Thorns”, um trabalho na verdade altamente constrangedor que tem até um cover de “La Bamba”, de Ritchie Valens. Mais tarde, “It’s Illegal, It’s Immoral, It’s Unhealthy, But It’s Fun” (registrada no EP do Gogmagog) seria regravada pelo Briar, e apareceria como lado B de um single antes que o grupo desaparecesse de vez do cenário musical. Recentemente, Jonathan King andou tendo problemas com a justiça (foi condenado por abuso de menores, acusação que sempre negou com veemência) e anda envolvido com a carreira de conjuntos lucrativos como The Corrs e Chumbawamba. Bem longe do Heavy Metal, felizmente.

Agradecimentos à “NWOBHM Encyclopedia” de Malc McMillan e aos vários sites que me forneceram informações e fotografias para essa matéria. Muito obrigado.
 
Saturday, January 13, 2007, posted by MetalRorschach at 12:38 PM
Faleceu no início dessa semana o baixista Chris Aylmer, que se tornou famoso no mundo da NWOBHM por ter sido durante muitos anos baixista do grupo Samson. A causa exata da morte não foi divulgada: há apenas referências a uma "doença" que teria acometido Chris por um bom tempo antes de seu falecimento.

Antes de entrar no Samson, Chris Aylmer (bem à direita na foto ao lado) tocava guitarra em uma banda chamada Maya e fazia serviços como roadie para várias bandas, inclusive para o projeto de John McCoy, com o qual o próprio Paul Samson esteve envolvido por alguns anos. Quando McCoy juntou-se à banda de Ian Gillan, Paul Samson resolveu continuar com a banda, e chamou Chris para assumir o baixo. Depois de alguma prática, Chris pegou o jeito da coisa, e foi dele a sugestão da banda assumir o nome Samson. Pouco depois, com a saída do baterista original Roger Hunt, o novo baixista sugeriu que um de seus colegas de Maya assumisse o posto - e esse amigo era ninguém menos que Clive Burr, que mais tarde faria história especialmente com o Iron Maiden.

Chris Aylmer esteve com o Samson nos momentos mais significativos de sua história e vivenciou o crescimento e explosão da NWOBHM em uma posição privilegiada. Gravou os quatro primeiros discos da banda, e fez parte da que por muitos é tida como a formação clássica do Samson (Aylmer, Samson, Thunderstick e Bruce Dickinson, na época Bruce Bruce, essa que você vê na foto ao lado). Saiu no início de 1984, insatisfeito com as constantes mudanças e incertezas dentro da banda, e por um curto período participou do Rogue Male. Depois, envolveu-se com vários projetos de pequeno porte e curta duração, como o Head Over Heels e o M:80. No início dos anos 90, o círculo fecharia, e Chris Aylmer reuniu-se com Paul Samson, participando das gravações do álbum "1993" (em alguns lugares lançado como um CD auto-intitulado). Pouco depois, Chris Aylmer formou um novo projeto, chamado Doctor Ice.

Durante algum tempo, foi fortemente cogitada a possibilidade de uma reunião da line-up clássica, e consta que até o próprio Bruce Dickinson estava muito animado com a possibilidade. No entanto, a reunião do músico com o Iron Maiden tornou impossível realizar esse encontro, e o trio Samson-Aylmer-Thunderstick participou do famoso festival "20th NWOBHM Anniversary", ocorrido no Japão em 1999. O vocalista Nicky Moore uniu-se aos três para alguns shows em festivais europeus de verão (entre eles o Wacken 2000) - mas depois desses shows as coisas acalmaram, de modo que Chris voltou a dedicar-se ao Doctor Ice e a dar aulas particulares de baixo e guitarra. Embora não tenha participado das gravações do álbum póstumo de Paul Samson ("P.S....", lançado em setembro do ano passado pela Angel Air), Chris contribuiu com algumas composições - e com o falecimento do baixista, esse CD acaba sendo também a última contribuição de Chris Aylmer no mundo da música.

O NWOBHM VIVE! deixa aqui sua homenagem e seu agradecimento a um músico de alta qualidade, que colaborou de forma decisiva no fenômeno da NWOBHM e que deixou um legado que estará sempre na memória de inúmeros fãs. Muito obrigado, Chris.
 
Monday, January 01, 2007, posted by MetalRorschach at 5:59 PM
Como sabemos, um número imenso de bandas surgiu durante os três ou quatro anos tidos pela maioria dos interessados como o período clássico da NWOBHM - e, considerando-se a quantidade delas, não surpreende que a grande maioria delas tenha simplesmente ficado pelo caminho, sem lançar mais do que singles ou no máximo EPs independentes. Motivos são vários: algumas perderam músicos importantes em momentos decisivos, outras simplesmente não eram tão boas, algumas tomaram decisões erradas e existem também as que foram, simplesmente, injustiçadas. Nesse seleto grupo, eu sem dúvida incluiria o Mendes Prey. O grupo de Castleford, Yorkshire foi, simplesmente, uma das bandas mais talentosas de toda a NWOBHM, e certamente seria hoje idolatrada por multidões se tivesse recebido a chance de gravar um LP no auge de sua criatividade. De qualquer modo, alguns itens foram lançados, e hoje o Mendes Prey é tranquilamente uma das bandas mais queridas pelos entusiastas e colecionadores do Movimento, com uma história fascinante que nos dedicaremos a descrever abaixo.

Os primórdios do Mendes Prey de certo modo remontam à metade dos anos 70, quando os músicos que mais tarde constituiriam a banda tocavam em um sem-número de conjuntos amadores da área. De qualquer modo, podemos dizer que por volta de 1979 surgiu finalmente o núcleo do Mendes Prey, formado pelo vocalista Jih Seymour (foto), pelos guitarristas Steve Holt e Phil Lawn e pelo baterista Martin Brough. Todos já tinham, digamos assim, as marcas da estrada: Seymour, por exemplo, cantava em bandas da região desde 1974 e Holt alegava ter tocado em nada menos do que 13 grupos locais antes de se juntar ao Mendes Prey.

Entre 1979 e 1980, vários baixistas tocaram na banda, a maioria deles ficando muito pouco tempo. Depois de muitos candidatos, finalmente o posto de baixista foi ocupado por Tony Boulton, que anteriormente vinha tocando com o Vardis. Com essa formação, o grupo entrou no Woodlands Studio em janeiro de 1981 para registrar sua primeira demo. Foram gravadas as músicas "Lone Survivor", "Take Me 'Cross the Water", "Drifting", "Losin' Man" e "Don't Shine". O material logo conseguiu repercussão bastante positiva, ao ponto dos Bayley Bros. (conhecidos DJs de Rock da época) colocarem "Drifting" no primeiro lugar da parada que selecionaram para a edição de junho da revista "Sounds" - "Take Me 'Cross the Water" chegou ao número 9 na mesma seleção. Durante algum tempo, foi fortemente cogitada a possibilidade de lançar esse material em um EP independente, mas o grupo acabou optando por aguardar um pouco mais antes de expor seu trabalho para as grandes massas.

Nesse período, Phil Lawn optou por retirar-se do Mendes Prey e da carreira musical, sendo temporariamente substituído por Richard Emsley. Essa formação foi entrevistada na edição de novembro da revista Kerrang, mas acabou não durando muito, com Emsley saindo para a chegada de Mark Sutcliffe. Com vários shows acontecendo (incluindo bem-sucedidas apresentações abrindo para o Diamond Head), sessões de gravação foram feitas no primeiro semestre de 1982, e delas foi selecionado o material que entraria no primeiro e clássico lançamento em vinil da banda.

Finalmente disponibilizado no final do ano, o 7" single independente continha a sensacional "On To the Borderline" e a não menos empolgante "Running For You" como lado B, e logo se tornou um item avidamente perseguido pelos headbangers britânicos. Ouvindo as músicas, é fácil entender os motivos: operando numa linha mais Hard Rock, com fortes influências de Thin Lizzy e UFO, as composições são energéticas e certeiras, e a voz marcante de Jih Seymour pode ser colocada sem exageros entre as mais pessoais e competentes de toda a NWOBHM. Uma estréia excepcional, que compreensivelmente despertou grande atenção de todos os lados.

Ainda nesse ano, outra ótima composição do quinteto ("What the Hell Is Going On") foi incluída pela Heavy Metal Records na segunda edição de sua compilação Heavy Metal Heroes, conseguindo destacar-se positivamente mesmo com a concorrência de nomes fortes como Persian Risk, Witchfinder General, Jess Cox (ex-vocalista do Tygers of Pan Tang) e Shiva. No início de 1983, o quinteto (Seymour, Holt, Boulton, Brough e Sutcliffe) fez sua estréia no Marquee em Londres, abrindo shows para Saracen e Chinatown. Gravações de um desses shows ainda resistem e, apesar da qualidade sofrível de gravação, é fácil perceber que o grupo detonava em cima de um palco, mandando versões extremamente fortes e coesas de suas mais significativas composições, para delírio do público. Quem está mais familiarizado com a situação meio bairrista do cenário da época (no qual bandas de uma cidade eram geralmente bem recebidas, enquanto grupos vindos de outra costumavam ter recepções bem menos calorosas) fica ainda mais admirado com o sucesso do Mendes Prey como banda de abertura, e parecia óbvio àquela altura que alguma grande gravadora acabaria assinando com o promissor conjunto.

Enquanto aguardavam uma proposta concreta de alguma gravadora, Jih Seymour e cia. empilhavam sucessos. Um deles ocorreu quando a marca de jeans Levi's escolheu "What the Hell Is Going On" como tema musical para algumas propagandas de rádio, e como resultado o Mendes Prey acabou assinando um contrato de patrocínio com a empresa. Em troca da utilização da música nos 'spots' comerciais, a Levi's forneceu vários de seus produtos ao quinteto, e colaborou na organização de uma bem sucedida tour, com o Mendes Prey atuando pela primeira vez como 'headliners' (a abertura desses shows ficando a cargo do Dagaband). Um desses shows foi gravado em vídeo pela BBC, e três canções completas do grupo ("Red Alert", "Running For You" e "On To the Borderline") foram exibidas no programa "Bubbling Under" para todo o norte da Inglaterra. Aparentemente, gravações dessa apresentação ainda existem, mas ninguém ainda afirmou acima de dúvidas possuir esse vídeo, de modo que ficamos na dúvida por enquanto.

Nesse período, o grupo foi tentado pela idéia de utilizar teclados, e Steve Allen assumiu esse papel por um breve período, participando de alguns shows e colaborando em algumas composições. No entanto, a experiência não fluiu tão bem como esperado, e Allen acabou saindo do grupo em seguida. Um golpe mais duro viria no segundo semestre de 1983, quando Steve Holt resolveu também deixar a banda, alegando estar interessado em outros projetos. Ao invés de substituí-lo, o Mendes Prey preferiu se manter como um quarteto, e Seymour, Boulton, Brough e Sutcliffe resolveram diminuir a rotina de shows, concentrando-se na composição e gravação de material para o tão desejado LP de estréia.

Como vimos, o Mendes Prey era um fenômeno em ascensão, e chega a ser inacreditável que nenhuma gravadora tenha feito uma proposta séria de contrato a essa altura. O conjunto gravou duas demos no decorrer de 1984, registrando mais de uma dezena de sons ao todo, e juntando esse material ao que já havia sido gravado entre 1982 e 1983 poderia ter lançado um LP capaz de fazer do Mendes Prey uma das grandes bandas do Metal britânico. No entanto, apesar de algumas sondagens, nenhuma proposta de contrato chegou ao grupo, e esse inexplicável desprezo acabou aos poucos minando a resistência do dedicado e batalhador conjunto.

Em 1985, a NWOBHM já começava a perder força, e o futuro parecia pouco animador para o Mendes Prey. Com as coisas um tanto quietas dentro da banda, Jih Seymour arrisca-se nos lados da produção, e atua como co-produtor de uma demo do conjunto Sherwood, que mais tarde acabaria sendo lançada também como um EP independente. Depois de meses de pouca atividade, surge um convite vindo de uma gravadora sintomaticamente batizada LiL Records, e o Mendes Prey acaba participando da coletânea "Parkside Steelworks", ao lado de um número considerável de bandas da região - a maioria delas de baixa qualidade, para sermos honestos. O Mendes Prey optou por utilizar duas gravações feitas ainda em 1983, e "Red Alert" e "Cry For the World" tornaram-se facilmente os grandes destaques de um álbum não mais do que mediano. Apesar da pequena tiragem do LP, o ressurgimento em vinil de Seymour e cia. chamou alguma atenção, e um grupo de empresários musicais resolveu investir pesado no conjunto, com o objetivo de gravar o single que finalmente faria do Mendes Prey o grande grupo que sempre teve potencial para ser. Infelizmente, ao invés de ser o passo decisivo rumo ao sucesso, essa parceria acabou sendo o começo do fim para a banda.

Sob pressão de seus 'managers', o quarteto adotou um visual mais pop, com cabelos cortados e roupas coloridas (como se pode ver na foto ao lado), e após certa insistência acabou concordando em gravar uma versão de "Wonderland", uma sinceramente já não muito boa composição do Demon. Foi essa gravação que finalmente surgiu no início de 1986 como lado A do segundo single da banda, com a composição própria "Can You Believe It" como lado B. Ambas as composições, de qualquer modo, haviam recebido um 'banho de loja' durante a mixagem, e o resultado ficou muito mais próximo do pop rock do que do Hard / Heavy que sempre caracterizou o Mendes Prey. Resultado: mesmo sendo lançado em dois formatos (7" e 12", com o último contendo uma vrs. mais extensa de "Wonderland"), o single foi um fracasso de vendas, que não só falhou em chamar a atenção de um novo público como desapontou boa parte dos antigos fãs, que preferiram não investir seu dinheiro nas 'experimentações' de seus antigos heróis.

Diante desse fracasso, não havia mesmo muita alternativa para a banda. Jih Seymour, depois de mais de dez anos de rock e tendo lutado por cerca de sete anos para fazer do Mendes Prey um grupo bem sucedido, optou por abandonar a vida de músico e se mudou para a Austrália ao lado da futura esposa, nascida no país em questão. Sem a presença do talentoso e dedicado vocalista, os membros restantes não se sentiram propensos a continuar a luta, e antes do final de 1986 o Mendes Prey não existia mais. Os músicos abandonaram a carreira musical, e durante muito tempo o antigo conjunto foi deixado em quase completo esquecimento. No final dos anos 90, porém, uma onda de renovado interesse pela NWOBHM surgiu com a proximidade dos 20 anos do movimento, e logo exemplares do outrora esquecido material do Mendes Prey passaram a ser vendidos por altos valores no mercado de colecionadores de vinil. Nessa época, falou-se bastante na confecção de um website oficial da banda, e boatos davam como certo o lançamento de um CD com material nunca lançado oficialmente. No entanto, a situação esfriou sem que nem uma coisa nem outra virasse realidade. Recentemente, no entanto, Jih Seymour (atualmente atuando como coordenador de programação de uma emissora australiana de rádio) adquiriu os direitos do domínio www.mendesprey.com , e uma versão inicial do site já está no ar, prometendo para breve uma quantidade considerável de material sobre a história do velho grupo britânico. Contatos já foram feitos no sentido de viabilizar um CD com material da banda, e se houver justiça no mundo em breve teremos a chance de adquirir material oficial dessa grande banda da NWOBHM, que merecia ter ido muito mais longe do que de fato conseguiu. Aguardaremos desdobramentos com enorme expectativa e muita esperança.

Agradecimentos a Malc McMillan e sua "The NWOBHM Encyclopedia", ao extinto site Dunsy's Cupboard of Metal e ao próprio Jih Seymour, que gentilmente forneceu boa parte das informações contidas nessa biografia. Muito obrigado, de verdade.

MÚSICOS
Jih Seymour (V)
Steve Holt (G) - até 1983
Phil Lawn (G) ---> Richard Emsley ---> Mark Sutcliffe
Tony Boulton (B)
Martin Brough (D)
Steve Allen (K) - 1983

DISCOGRAFIA
On To the Borderline (7'' single, 1982), Heavy Metal Heroes Volume 2 (part. em coletânea, 1982), Parkside Steelworks (part. em coletânea, 1985), Wonderland (7'' e 12'' single, 1986).

SITE OFICIAL: http://www.mendesprey.com
 
, posted by MetalRorschach at 10:21 AM
Sério mesmo, amigos. Segundos fontes confiáveis, ainda nos primeiros meses de 2007 a AREA CULT Records (divisão da AREA DEATH Prod.) lançará uma compilação em CD duplo com material raríssimo da banda ARC. O conjunto lançou dois singles no auge da NWOBHM, e o segundo deles (foto) se tornou clássico por conter "War of the Ring", um épico sombrio que para muitos está entre as melhores composições de toda a NWOBHM. A antologia deverá conter as gravações desse e do primeiro single, além de várias demos e gravações de ensaios obtidas diretamente de músicos da banda. Os títulos de algumas músicas seriam "Firebrand", "Leviathan", "Hades" e "Never To Return".

Posteriormente, a AREA CULT planeja lançar material do Red Hunter (conjunto formado por ex-músicos do ARC que chegou a gravar em 1995 material para um CD até agora inédito). E, por mais incrível que pareça, podem surgir também CDs com material novo e inédito do próprio ARC!

Informações ainda não confirmadas dão conta de que os três irmãos Whitbread, que formavam a espinha dorsal da banda, estão reunidos e inclusive já fizeram alguns ensaios. O objetivo seria voltar à ativa 100%, fazendo shows e gravando material inédito para pelo menos um CD. No entanto, isso pode demorar um pouco, posto que os músicos estariam meio 'enferrujados' e alguns deles não teriam sequer instrumentos próprios a essa altura. De qualquer modo, torçamos para que tudo isso se confirme, e logo possamos ouvir material novo desse grande nome da NWOBHM.