Wednesday, February 28, 2007, posted by MetalRorschach at 7:18 PM
Ficar aqui tecendo comentários sobre a importância de Bruce Dickinson para a NWOBHM e para o Heavy Metal em geral é chover no molhado. Depois de alguns anos bem sucedidos à frente do Samson, o vocalista assumiu os microfones do grande colosso do movimento, o gigante Iron Maiden, e se tornou uma referência mundial para vocalistas e apreciadores de som pesado. Hoje, já há algum tempo reintegrado à Donzela, o vocalista mantém paralelamente uma quase sempre elogiada e bem sucedida carreira solo. De qualquer modo, os fãs mais dedicados certamente estão cientes do trabalho de Bruce ao lado de duas bandas menos bem sucedidas, o Speed e o Xero. O artigo a seguir procura dar um pouco de informação sobre essas duas bandas, o que nos levará igualmente a citar brevemente alguns outros projetos no qual o vocalista andou envolvido na época. Em comum, os dois lançamentos têm mais do que a voz do “air raid siren”: a pecha de serem produtos caça-níqueis feitos para lucrar em cima da fama do cantor.

SPEED

O primeiro registro conhecido dos dotes vocais de Bruce Dickinson está em um single lançado em 1980 por uma banda desconhecida chamada Speed. Trata-se de um lançamento independente que provavelmente teve uma tiragem muito pequena, já que hoje é raridade dificílima de encontrar e custa fortunas nas poucas oportunidades em que aparece à venda. O single não tem capa, apenas o envelope branco típico dos itens independentes, mas contém um encarte com supostas informações sobre o lançamento e sobre a trajetória da banda responsável por ele. A se crer no que consta ali, o Speed teria surgido em 1979, gravando as duas músicas (“Man in the Street” e “Down the Road”) em 1980 com Bruce Dickinson atuando como vocalista convidado, e estaria em plena atividade, pronta para fazer shows onde quer que a oportunidade surgisse.

A verdade, no entanto, parece ser outra. Declarações de Bruce dão a entender não só que a data creditada às gravações está errada, mas também que em momento algum ele chegou a ser informado do lançamento do single! Na verdade, Bruce foi um dos fundadores do Speed, ao lado do baixista Noddy White. O projeto foi arquitetado na metade dos anos 70, depois do fim do primeiro projeto musical de Bruce, que atendeu pelos nomes de Paradox e Styx antes de encerrar atividades. Na versão de Bruce, contida na “NWOBHM Encyclopedia” de Malc McMillan, o grupo fez um bom número de shows (tendo até aberto algumas das primeiras aparições do Angel Witch), mas encerrou atividades tempos antes do estouro da NWOBHM. As gravações do single nem seriam produto do Speed propriamente dito, mas demos que Noddy White gravou em 1978 com alguns amigos, tempos depois do término das atividades da banda. Ou seja, a se crer no relato de Bruce, as datas contidas no material promocional do single são falsas, e o lançamento em si ganha ares nítidos de um golpe financeiro, feito para ir na cola do à época vocalista do emergente Samson.

Musicalmente, não é um som tão pesado e veloz quanto o nome sugere, e embora nenhuma das duas canções seja ruim, tampouco podem ser consideradas pérolas esquecidas nem com muita boa vontade. O som de modo geral lembra mais o assim chamado “biker rock” do que o Heavy Metal (embora “Man In the Street” tenha um andamento mais agitado do que o usual em bandas da época), e o uso de teclados acaba lembrando às vezes os momentos menos interessantes do The Doors (!!!). Além de Bruce Dickinson e Noddy White, a ficha técnica credita também Steve Adams (G), Jeff Moody (D) e Gary Edwards (K). Vale como item para viciados em Iron Maiden – muito embora a raridade do single faça dele uma aquisição complicada e sem dúvida salgadíssima. De qualquer modo, “Man In the Street” está no Volume 7 da conhecida série de bootlegs com singles raros da NWOBHM, e com sorte dá para encontrar mp3 das duas músicas em algum programa Peer2Peer por aí. Sairá bem mais barato, certamente.

XERO

O caso do Xero, embora menos obscuro em seus meandros do que o do Speed, é certamente mais infeliz e de resultados mais devastadores. Ao invés de ser uma banda de garagem já extinta que tem seu nome “ressucitado” com objetivos pouco nobres, o Xero era sim um conjunto de potencial dentro do turbilhão da NWOBHM, e acabou sendo muito mais prejudicado do que favorecido pela associação com Bruce e sua banda de momento, no caso o gigante Iron Maiden. Na época do lançamento do item em questão (o EP “Oh Baby” de 1983), o grupo liderado pelo guitarrista Bill Liesegang já tinha participado de três coletâneas diferentes, e seu primeiro lançamento individual era aguardado com certa ansiedade na cena.

O grupo apareceu primeiramente na segunda edição de “Metal for Muthas”, lançada pela EMI em 1980, com uma música empolgante chamada “Cutting Loose”, e mais ou menos no mesmo período compareceu também na compilação “Brute Force” da MCA, com uma música mais melódica mas ainda assim bastante forte chamada “Hold On”. Com a boa repercussão dessas aparições, o emergente conjunto foi convidado a participar de uma das famosas sessões do “Friday Rock Show”, programa de rádio comandado por Tommy Vance na BBC. Quatro músicas (“Can You See Me”, “Lone Wolf”, “Don’t You Think It’s Time” e uma nova versão de “Cutting Loose”) foram registradas em ‘takes’ ao vivo, e veiculadas na edição de 10 de abril de 1981. Pouco depois, a mesma “Cutting Loose” apareceria no LP “The Friday Rock Show”, que compilava as aparições mais bem sucedidas dos meses anteriores do programa. Assim, fica fácil perceber que o Xero estava em ascendência, e o anúncio de um EP pela pequena Brickyard Records poderia ser um passo decisivo rumo ao topo do cenário da época.

Na época, a banda contava com Bill Liesegang (G), Boon Gould (B), Barry Fitzgerald (D) e Moon Williams (V), que foi brevemente substituído por Billy Little em algumas demos mas acabou retornando aos microfones para a gravação do single. Foi anunciado o iminente lançamento de um single, contendo a nova “Oh Baby” e reutilizando “Hold On” como lado B. De repente, os anúncios mudaram, e surgiu finalmente um EP de três faixas, em formatos 7’’ e 12’’, contendo uma versão de “Lone Wolf” (que havia aparecido no programa de rádio da BBC com Moon Williams na voz) com a participação de Bruce Dickinson nos vocais. Alegadamente, tratava-se de uma gravação tirada de uma das primeiras demos do Xero, antes da entrada de Moon; mas logo ficou claro que a verdade, no fim das contas, não era bem por aí.

Bruce Dickinson e Bill Liesegang se conheciam desde a segunda metade dos anos 70, quando se envolveram na formação de uma banda chamada Shots. O grupo acabou conquistando um séquito razoável nos tempos pré-NWOBHM, e boa parte do sucesso devia-se ao próprio Dickinson, que tinha uma performance intencionalmente caricata – era comum, por exemplo, o vocalista parar no meio de uma música para xingar alguém na platéia que estivesse distraído ou pouco interessado no show. Aparentemente, isso surgiu a partir de reações genuínas do cantor (afinal, sabemos que Bruce não é exatamente a figura mais tranqüila e diplomática do mundo), mas o grupo acabou incorporando-a ao seu estilo de palco e o mau gênio do vocalista tornou-se uma esperada atração nos shows da banda. Foi após assistir um show do Shots em 1979 que Paul Samson decidiu convidá-lo a ingressar na sua própria banda, o Samson. Com a saída de Bruce, o Shots perdeu muito do seu apelo, e acabou encerrando atividades. Bill Liesegang formaria posteriormente o Xero – e a gravação de “Lone Wolf” que aparece no EP é na verdade tirada de uma demo particular do Shots, que Liesegang e os empresários do Xero julgaram financeiramente interessante incluir no single como um chamariz para aumentar as vendas. O problema é que, ao contrário da situação aparente do Speed, Liesegang e o Xero não eram os reais proprietários das gravações, e isso acabou abrindo caminho para uma bela confusão.

Os advogados do Iron Maiden (que na época ainda saboreava o sucesso estrondoso de “The Number of the Beast”) logo ameaçaram o Xero e a Brickyard Records com processos, o que fez com que a edição original fosse recolhida das lojas. Uma nova série de lançamentos, constituída de um single 7’’ (com as duas faixas originalmente previstas, omitindo “Lone Wolf”) e um EP em 12’’ (substituindo a faixa proibida por uma instrumental chamada “Killer Frog”, tirada de uma das últimas demos) foi lançada, mas a essa altura o estrago à credibilidade da banda já havia sido feito. As vendas do novo pacote foram baixas, e o impacto negativo de todo o embaraço acabou sendo forte demais para o Xero. Chegou a se anunciar o lançamento de um single contendo “Don’t You Think It’s Time” como chamariz, e até mesmo um álbum com o título de trabalho “First Mission” chegou a ser anunciado durante o ano de 1984. No entanto, nenhum desses itens chegou a ser lançado de fato, e a falência da Brickyard acabou sendo também o fim da linha para o Xero. Hoje, o material contendo “Lone Wolf” é perseguido por colecionadores, mas a verdade é que mesmo a segunda ‘fornada’ de “Oh Baby” aparece com pouca freqüência à venda, de modo que ambos são materiais relativamente raros e interessantes para colecionadores obsessivos da NWOBHM. A versão com “Killer Frog” foi relançada em CD, como parte da coletânea “NWOBHM Metal Rarities Vol. 2”, editada pela British Steel em 1996, de modo que hoje é mais fácil o acesso a ela do que à versão “proibida”.

Agradecimentos a Malc McMillan e sua ‘NWOBHM Encyclopedia’ e ao site Xtreme Musician pelas informações sobre os primeiros dias de Bruce Dickinson. Obrigado.
 
Tuesday, February 27, 2007, posted by MetalRorschach at 9:48 AM

Foi confirmada nessa semana a realização do New Wave of British Heavy Metal Festival I, que ocorrerá no AN Club de Atenas, Grécia, no dia 13 de outubro de 2007. O país tem sido ultimamente um dos maiores mercados para bandas do movimento que voltam à ativa, de maneira que a confirmação do festival acaba sendo um passo natural nesse panorama simpático ao metal bretão oitentista. As bandas confirmadas para o evento são CLOVEN HOOF (que recentemente divulgou nova formação e em breve terá seus álbuns "A Sultan's Ranson" e "Dominator" relançados em um CD duplo), JAGUAR, ELIXIR (que lançou há pouco o ótimo "Mindcreeper" e teve seu "Live" relançado com encarte renovado) e BLITZKRIEG (foto). As três primeiras já estavam confirmadas igualmente para o British Steel Festival 2, que ocorrerá em 28 de abril em Milton Keynes, Inglaterra. Junto aos três estarão ATTACKER e CHARIOT. Os ingressos para o festival de Atenas custarão 25 euros - então, se você estiver livre em outubro e com grana para uma viagem à europa, quem sabe?...
 
Saturday, February 03, 2007, posted by MetalRorschach at 10:27 PM

Em recente comunicado à imprensa, o Cloven Hoof anunciou oficialmente sua nova formação. Após uma série de testes, foram escolhidos Ben Read (G) e Simon Heywood (D, foto ao lado), que se juntam a Russ North (V), Lee Payne (B) e Mick Powell (G/K) na versão 2007 do conjunto britânico. O comunicado descreve a atual formação como a mais profissional e dedicada de sua história, e os líderes Russ e Payne rasgam a seda: “Com esses caras (Read e Heywood), a música é tudo o que importa: eles são guiados totalmente pelo amor ao Metal e pela vontade de tocar no limite de suas capacidades”.

Entre as atividades imediatas da nova line-up está a participação no British Steel Festival – que ocorrerá dia 28 de abril em Milton Keynes, Inglaterra, e que contará também com bandas como Elixir, Chariot e Jaguar. Está agendada também a produção do mais novo CD do Cloven Hoof, que tem o título de trabalho de “Throne Of Damnation” e deve começar a ser gravado em junho. Diz o comunicado: “será fantástico entrar em estúdio para gravar o novo álbum. (Throne of Damnation) será nosso melhor disco... Esperem e verão”.

O Cloven Hoof terá em breve seus trabalhos “Dominator” (1988) e “A Sultan’s Ransom” (1989) relançados em CD, em um álbum duplo com algumas faixas bônus e um livreto com ‘liner notes’ e fotos de arquivo.

A estréia da nova formação deve ocorrer em 29 de março no Limelight Club em Hightown, Chesire.

Agradecimentos a Sergio Turano (Denim And Leather) e ao site oficial do Cloven Hoof (ver links).
 
Sunday, January 14, 2007, posted by MetalRorschach at 10:12 AM
Das muitas bandas da NWOBHM que tiveram suas carreiras limitadas a um ou dois escassos itens em vinil, algumas acabam despertando especial interesse entre os colecionadores. Uma delas, certamente, é o Gogmagog. E é fácil entender os motivos – afinal, esse grupo lançou apenas um EP em 1985, e tinha em suas fileiras um time absolutamente estelar, composto de alguns dos grandes nomes da cena britânica. Vejam só: Paul Di’Anno (ex-vocalista do Iron Maiden), Clive Burr (outro ex-Maiden, que também havia passado pelo Samson), Janick Gers (na época ex-White Spirit), Neil Murray (baixista de muitos nomes respeitáveis como Gary Moore e Whitesnake) e Pete Willis (ex-guitarrista do Def Leppard). Promissor, não? No entanto, as coisas não são tão bonitas quanto parecem à primeira vista, e o que poderia ter sido um dos super-grupos da NWOBHM acabou sendo uma experiência constrangedora para os envolvidos e para a cena de modo geral.

Na verdade, o Gogmagog é uma idéia surgida da mente de Jonathan King (foto), DJ e produtor musical que chegou a ser o presidente da Decca Records entre as décadas de 60 e 70 e foi responsável por descobrir artistas de muito sucesso comercial como Bay City Rollers e 10cc. Disposto a lucrar em cima da fatia mais acessível do Heavy Metal (que, graças a bandas como o Def Leppard, estava entrando em considerável evidência), King resolveu montar uma espécie de super-grupo, juntando nomes poderosos do Metal britânico e colocando-os na estrada com uma grande produção de palco e o máximo possível de cobertura de mídia. Ou seja, a junção dos músicos não foi nada natural, e sim o resultado de uma série de telefonemas e propostas de contrato.

Consta que alguns músicos foram contatados e recusaram a oferta, entre eles John Entwistle (baixista do The Who, na época às voltas com projetos solo) e Cozy Powell (baterista mundialmente famoso por suas participações no Rainbow e no Whitesnake). De qualquer modo, King conseguiu formar a banda, e vale lembrar que a maioria dos músicos que toparam a parada estavam em situação complicada na época. Paul Di’Anno (foto) havia saído do Iron Maiden e lançado um álbum solo que tinha sido um completo fracasso de vendas; Pete Willis havia acabado de se desligar do Def Leppard; e Clive Burr não tivera sucesso com seu projeto pós-Maiden, chamado Stratus e formado também por ex-músicos do Praying Mantis. Portanto, não é absurdo supormos que, muito mais do que a possibilidade de formar uma grande banda, foi a promessa de bons aportes financeiros que incentivou esses músicos a assinarem os contratos e colaborarem com o Gogmagog.

Há várias controvérsias sobre fatos referentes ao conjunto, e uma delas refere-se à gravação das três faixas que fizeram o EP do conjunto. Segundo algumas fontes, trata-se de material gravado para um LP que nunca saiu, e poderiam inclusive existir mais músicas inéditas do Gogmagog criando mofo em alguma gaveta por aí. No entanto, outros dizem que essas faixas são de uma demo gravada para convencer promotores de shows a investir no grupo, e pessoalmente me sinto mais inclinado a crer na segunda hipótese. De qualquer modo, as três músicas não foram compostas pelos músicos da banda, e sim por uma parceria de Jonathan King e Russ Ballard - compositor bastante requisitado na primeira metade dos anos 80, que compôs maravilhas como “Tonight” (Tokyo Blade) e “Riding With the Angels” (Samson). As músicas foram de fato apresentadas para várias figuras importantes do show business na tentativa de agendar uma turnê, mas aparentemente a resposta ao material foi ruim e, mesmo com todo o cartaz de King e dos músicos envolvidos, nenhuma apresentação de fato ocorreu. A demora em acertar esses detalhes acabou sendo decisiva para a vida curta do projeto, e logo todos os envolvidos saltaram fora do barco, não raro com um mal-disfarçado constrangimento.

O EP acabou sendo lançado postumamente em 1985, através da Food For Thought (uma subsidiária da Music For Nations). As três músicas chamam-se “I Will Be There” (o nome do EP), “Living in a Fucking Time Warp” e “It’s Illegal, It’s Immoral, It’s Unhealthy, But It’s Fun”, e dividem seriamente a opinião dos que ouvem o EP: há quem goste bastante do material, do mesmo modo que muitos o consideram uma tragédia musical. O encarte apresenta uma versão um tanto fantasiosa sobre a história do grupo, dizendo que a banda foi um projeto espontâneo, destinado a salvar o Metal e que acabou prejudicado pelo azar e pela falta de visão de algumas pessoas ligadas ao mundo da música. De qualquer modo, as vendas foram baixíssimas (o fato de não existir mais a banda para promover o vinil deve ter contribuído para o fracasso) e logo o EP do Gogmagog viraria não mais do que um item para colecionadores da NWOBHM e de material relacionado ao Iron Maiden.

Como dito acima, os músicos envolvidos não ficaram exatamente orgulhosos do resultado do EP, e mais de uma vez deixaram bem claro o caráter meio caça-níquel de todo o projeto. Pete Willis e Janick Gers já se referiram ao mesmo em entrevistas de modo pouco animador, e Paul Di’Anno por muitos anos simplesmente se recusou a comentar o assunto. De qualquer modo, todos os músicos envolvidos seguiram em frente com suas carreiras. Paul Di’Anno formou projetos como o Battlezone e o Killers, e ainda atua incansavelmente em shows ao redor do mundo. Neil Murray gravaria mais tarde com o Black Sabbath, enquanto Janick Gers participaria da banda solo de Bruce Dickinson e, como sabemos, hoje é um dos três guitarristas do Iron Maiden – num desenlace curioso, posto que tocou com dois ex-Maiden no Gogmagog muitos anos antes de entrar ele mesmo na banda de Steve Harris. Pete Willis (foto) formou os não muito bem sucedidos Nightrun e Roadhouse, e Clive Burr emprestou seu talento a bandas como Desperado e Elixir. Já Jonathan King, embora tendo demonstrado nesse mal sucedido projeto seu desconhecimento de Heavy Metal, tentaria uma vez mais sua sorte no estilo, empresariando o jovem conjunto Briar. O conjunto havia lançado em 1985 o elogiado LP “Too Young”, e orientado por King optou por mudar radicalmente seu estilo – o que resultou em 1987 no disco “Crown Of Thorns”, um trabalho na verdade altamente constrangedor que tem até um cover de “La Bamba”, de Ritchie Valens. Mais tarde, “It’s Illegal, It’s Immoral, It’s Unhealthy, But It’s Fun” (registrada no EP do Gogmagog) seria regravada pelo Briar, e apareceria como lado B de um single antes que o grupo desaparecesse de vez do cenário musical. Recentemente, Jonathan King andou tendo problemas com a justiça (foi condenado por abuso de menores, acusação que sempre negou com veemência) e anda envolvido com a carreira de conjuntos lucrativos como The Corrs e Chumbawamba. Bem longe do Heavy Metal, felizmente.

Agradecimentos à “NWOBHM Encyclopedia” de Malc McMillan e aos vários sites que me forneceram informações e fotografias para essa matéria. Muito obrigado.
 
Saturday, January 13, 2007, posted by MetalRorschach at 12:38 PM
Faleceu no início dessa semana o baixista Chris Aylmer, que se tornou famoso no mundo da NWOBHM por ter sido durante muitos anos baixista do grupo Samson. A causa exata da morte não foi divulgada: há apenas referências a uma "doença" que teria acometido Chris por um bom tempo antes de seu falecimento.

Antes de entrar no Samson, Chris Aylmer (bem à direita na foto ao lado) tocava guitarra em uma banda chamada Maya e fazia serviços como roadie para várias bandas, inclusive para o projeto de John McCoy, com o qual o próprio Paul Samson esteve envolvido por alguns anos. Quando McCoy juntou-se à banda de Ian Gillan, Paul Samson resolveu continuar com a banda, e chamou Chris para assumir o baixo. Depois de alguma prática, Chris pegou o jeito da coisa, e foi dele a sugestão da banda assumir o nome Samson. Pouco depois, com a saída do baterista original Roger Hunt, o novo baixista sugeriu que um de seus colegas de Maya assumisse o posto - e esse amigo era ninguém menos que Clive Burr, que mais tarde faria história especialmente com o Iron Maiden.

Chris Aylmer esteve com o Samson nos momentos mais significativos de sua história e vivenciou o crescimento e explosão da NWOBHM em uma posição privilegiada. Gravou os quatro primeiros discos da banda, e fez parte da que por muitos é tida como a formação clássica do Samson (Aylmer, Samson, Thunderstick e Bruce Dickinson, na época Bruce Bruce, essa que você vê na foto ao lado). Saiu no início de 1984, insatisfeito com as constantes mudanças e incertezas dentro da banda, e por um curto período participou do Rogue Male. Depois, envolveu-se com vários projetos de pequeno porte e curta duração, como o Head Over Heels e o M:80. No início dos anos 90, o círculo fecharia, e Chris Aylmer reuniu-se com Paul Samson, participando das gravações do álbum "1993" (em alguns lugares lançado como um CD auto-intitulado). Pouco depois, Chris Aylmer formou um novo projeto, chamado Doctor Ice.

Durante algum tempo, foi fortemente cogitada a possibilidade de uma reunião da line-up clássica, e consta que até o próprio Bruce Dickinson estava muito animado com a possibilidade. No entanto, a reunião do músico com o Iron Maiden tornou impossível realizar esse encontro, e o trio Samson-Aylmer-Thunderstick participou do famoso festival "20th NWOBHM Anniversary", ocorrido no Japão em 1999. O vocalista Nicky Moore uniu-se aos três para alguns shows em festivais europeus de verão (entre eles o Wacken 2000) - mas depois desses shows as coisas acalmaram, de modo que Chris voltou a dedicar-se ao Doctor Ice e a dar aulas particulares de baixo e guitarra. Embora não tenha participado das gravações do álbum póstumo de Paul Samson ("P.S....", lançado em setembro do ano passado pela Angel Air), Chris contribuiu com algumas composições - e com o falecimento do baixista, esse CD acaba sendo também a última contribuição de Chris Aylmer no mundo da música.

O NWOBHM VIVE! deixa aqui sua homenagem e seu agradecimento a um músico de alta qualidade, que colaborou de forma decisiva no fenômeno da NWOBHM e que deixou um legado que estará sempre na memória de inúmeros fãs. Muito obrigado, Chris.